Layout da loja influencia vendas de hortifrútis

Pesquisa mostra que posição da seção nos supermercados incentiva escolhas do consumidor

Estudo publicado pela revista PloS Medicine em setembro, mostra que o layout da loja influencia na venda de hortifrúti. O experimento, conduzido por pesquisadores da Universidade de Southampton, analisou o consumo em seis lojas de supermercados populares no Reino Unido —três em que os alimentos ultraprocessados foram postos no fundo das lojas, enquanto frutas e legumes frescos e congelados passaram para perto dos caixas, e três do grupo controle, sem a mudança— em um período de seis meses.

Para eliminar efeitos aleatórios na pesquisa, os cientistas recrutaram 150 participantes, mulheres com idade de 18 a 45 anos, que possuíam um cartão de fidelidade nas lojas e sempre realizavam suas compras na mesma loja. A decisão de incluir mulheres na pesquisa foi principalmente por elas serem as principais responsáveis em um ambiente domiciliar pelas escolhas de alimento para os filhos e demais moradores.

O estudo apontou para o aumento da venda de hortaliças de três e seis meses após a intervenção, representando um crescimento de 6.170 e 9.820 porções extras de frutas por loja por semana, respectivamente. Houve também a queda na venda de produtos ultraprocessados, de até 1.359 itens por semana, após três meses, e 1.575 itens por semana, após seis meses.

Os pesquisadores fizeram enquetes às voluntárias para saber a evolução da dieta familiar no início do estudo, após três e após seis meses. Segundo as participantes, o consumo de frutas e hortaliças aumentou em até seis porções por semana nos três meses seguintes ao começo do experimento, atingindo o seu pico em seis meses.

O aumento do consumo de frutas e hortaliças e a redução na compra de ultraprocessados não refletiram, porém, em maior gasto com as compras pelas participantes ou afetaram o caixa das lojas semanalmente. Assim, afirmam os autores, o estudo, apesar de ter limitações, é importante ao mostrar como uma estratégia simples e sem custo adicional aos mercados pode levar a uma dieta mais saudável.

Para o psicanalista e professor do Instituto de Psicologia da USP Christian Dunker, pesquisas similares feitas nos últimos anos já têm avançado no conhecimento de como algumas estratégias específicas, como trilha sonora, aparência de vendedores e até a iluminação das lojas influenciam nas escolhas de consumo, e esse efeito é explorado pela indústria.

“Ao chegar em uma loja, o primeiro impulso é de não comprar o que está na entrada porque há um desejo de pesquisar, saber se é realmente o melhor preço, focar naquilo que veio comprar”, avalia ele.

“Mas na saída é o inverso, o consumidor começa a se indagar se não esqueceu de alguma coisa, com frequência temos a sensação de esquecer algo sem saber exatamente o quê, e é aí que estamos mais vulneráveis àquilo que estão nos oferecendo.”

Fonte: SA Varejo